Todos os domingos, aqui no A&P, teremos a coluna Discutindo a Literatura, na qual discutiremos temas relacionados à literatura de um modo geral, principalmente os clássicos. Para dar início, hoje discutiremos as obras Uraguai e Caramuru.
O poemeto Uraguai de Basílio da Gama foi publicado no ano de 1769. Além de ser considerado um dos principais poemas épicos da Arcádia Brasileira, Uraguai é a obra mais conhecida deste autor.
O poemeto Uraguai de Basílio da Gama foi publicado no ano de 1769. Além de ser considerado um dos principais poemas épicos da Arcádia Brasileira, Uraguai é a obra mais conhecida deste autor.
O Uraguai se
encaixa melhor na estrutura do poema lírico-narrativo do que épico, pois não
segue a estrutura formal clássica das obras épicas. A obra está dividida em
cinco cantos, em versos decassílabos heroicos e sáficos, brancos e sem
estrofação.
Nesta epopeia, Basílio faz uso do aqui e agora para narrar a luta entre portugueses e espanhóis contra índios e jesuítas que, instalados nas missões jesuítas do atual Rio Grande do Sul, não queriam aceitar as decisões do Tratado de Madri. Basílio tenta conciliar o heroísmo do indígena e a louvação de Pombal. Faz recair sobre os jesuítas a pecha de vilões ao apoiar abertamente o Marquês contra os religiosos.
Nesta epopeia, Basílio faz uso do aqui e agora para narrar a luta entre portugueses e espanhóis contra índios e jesuítas que, instalados nas missões jesuítas do atual Rio Grande do Sul, não queriam aceitar as decisões do Tratado de Madri. Basílio tenta conciliar o heroísmo do indígena e a louvação de Pombal. Faz recair sobre os jesuítas a pecha de vilões ao apoiar abertamente o Marquês contra os religiosos.
A
quase contemporaneidade dos sucessos cantados retira ao poema a aura de mito
que arca a epopeia tradicional, mas dá-lhe a garra do moderno, imergindo o
leitor do tempo nos motivos mais candentes: o jesuitismo, a ação de Pombal, os
litígios de fronteiras, a altivez guerreira do índio...
(BOSI,
2006, p.65)
Em resposta ao Uraguai
é publicado em 1781 o poema épico Caramuru
do poeta árcade Santa Rita Durão.
Diferentemente do Uraguai, Caramuru é um poema épico que segue a
estrutura formal clássica das obras épicas. Possui dez cantos com estrofes de
oito versos decassílabos e rimados. A narrativa divide-se em Proposição,
Invocação, Dedicatória, Narração e Epílogo. Esta epopeia narra o descobrimento
da Bahia, o naufrágio de Diogo Álvares Correia, herói do poema alcunhado o Caramuru pelos Tupinambás, narrado
também seus amores com a índia Paraguaçu.
Uma das características que diferem o Caramuru do Uraguai refere-se à figura do índio, pois apesar de ambos terem personagens indígenas, no Uraguai o índio é visto como uma figura heroica e representativa dos valores da liberdade e da vida natural, enquanto que em Caramuru o índio é tratado como um objeto de colonização e catequese. O índio é abordado em Caramuru como inferior ao contrário do Uraguai, pois para Basílio o índio é vitima da perfídia escravizante dos jesuítas.
Uma das características que diferem o Caramuru do Uraguai refere-se à figura do índio, pois apesar de ambos terem personagens indígenas, no Uraguai o índio é visto como uma figura heroica e representativa dos valores da liberdade e da vida natural, enquanto que em Caramuru o índio é tratado como um objeto de colonização e catequese. O índio é abordado em Caramuru como inferior ao contrário do Uraguai, pois para Basílio o índio é vitima da perfídia escravizante dos jesuítas.
Além disso, outro aspecto que diferem as obras refere-se ao
modo como seus autores vêem a figura do Marquês de Pombal, no Uraguai Basílio faz elogios e honras ao
Marquês porque este perseguia aos missionários. Em Caramuru o período pombalino é visto como uma época de horrores.
Mesmo tendo sido escrito em resposta ao Uraguai, Caramuru
difere-se e muito deste principalmente quanto aos recursos literários e pela
linguagem. Enquanto em
Uraguai Basílio
utiliza o aqui e agora para narrar os acontecimentos, no poema Caramuru Santa Rita Durão retoma a
acontecimentos históricos. Em ambas as obras há
a presença de momentos líricos, como a morte de Lindóia no Uraguai e a morte de Moema no Caramuru.
Referências:
CANDIDO,
Antonio. Na sala de aula: caderno de
análise literária. 8ª Ed. São Paulo: Ática, 2002.
BOSI, Alfredo. História Concisa da Literatura Brasileira. 43ª Ed. São Paulo: Cultrix, 2006.
BOSI, Alfredo. História Concisa da Literatura Brasileira. 43ª Ed. São Paulo: Cultrix, 2006.
FARACO, Carlos Emílio; MOURA, Francisco Marto Moura. Língua e Literatura. V.1. 31ª Ed. São Paulo: Editora Ática, 2000.
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